Um relato de quem estava lá: Christian Jafas
O 5º Campeonato Brasileiro Individual de Futebol de Mesa (Categoria Dadinho), disputado entre os dias 10 e 11 de novembro de 2012, no Clube Curitibano, em Curitiba, Paraná, contou com 51 atletas de 20 clubes de seis estados do Brasil, e teve como grande campeão o atleta Régis Martins de Souza do America Football Club.
No início do primeiro dia, os 48 atletas presentes - sim, aconteceram três desistências - foram separados em seis grupos de oito para a disputa da 1ª Fase. Nesse momento qualquer derrota significava entrar no grupo que lutaria pela Série Bronze e todo ponto conquistado se tornava um grande passo rumo à cobiçada Série Ouro. Confuso? Nada disso, a regra era simples: os quatro primeiros seguem para a Ouro e os quatro últimos vão para a Bronze. Nesse ponto você pergunta pela Prata, certo? Certo, mas calma que muito ainda estava por vir!
O torneio, marcado para as nove e trinta da manhã, só teve o apito inicial lá pelas duas da tarde com críticas à organização do evento. As mesas eram novas, mas algumas estavam sem uso e foram retiradas da embalagem pela manhã, ou seja, precisavam de uma ‘amaciada’ para que ficassem no nível das demais e isso atrapalhou um pouco os jogos da 1ª Fase. Mesmo com esses problemas os atletas do AFC conseguiram escapar do primeiro corte e se mantiveram na luta pelo título. Régis ficou com o primeiro lugar geral e o foi único a ter sete vitórias, e eu me classifiquei em 4º no Grupo F com três vitórias e dois empates – nesse momento era o 19º no geral.
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Racing usado nos embates por Jafas |
O curto intervalo serviu para recarregar as energias, reidratar e comer uma barra de cereal. Esporte de mesa também cansa e exige muito do corpo. Cada partida é disputada em dois tempos de sete minutos com trinta segundos para a virada dos times em campo. E os jogos foram se sucedendo sem paradas devido ao atraso inicial. Imagine ficar em pé, concentrado e com a adrenalina a mil durante sete jogos seguidos? São quase duas horas de tensão onde um errinho de nada pode representar uma eliminação. O meu último confronto nessa fase foi assim: a vitória por 2 a 1 aconteceu de virada, no fim do jogo e qualquer segundo de posse de bola se tornava fundamental para impedir a reação do adversário.
A 2ª Fase iria definir a distribuição dos atletas nas três séries (Ouro, Prata e Bronze) para a disputa de cada título no dia seguinte. Os 24 melhores atletas formaram quatro grupos de seis onde os dois últimos iriam cair para a Prata – olha ela aí! – e os quatro primeiros seguiriam na luta pelo título brasileiro. Enquanto isso o mesmo esquema foi feito com os 24 atletas eliminados na 1ª Fase, sendo que os dois primeiros iriam para a Prata e o restante iria permanecer na Bronze. Parece complicado, mas não é. Essa forma de disputa permite que todos os jogadores tenham algo para brigar no segundo dia de competição e assegura a emoção do campeonato até o fim. Quem não quer o título de Campeão Brasileiro mesmo que seja da Série Bronze?
Não sei se foi a adrenalina ainda alta ou a ‘mão calibrada’, mas melhorei minha campanha mesmo estando num grupo fortíssimo que contava com o então campeão brasileiro Almo José de Paula, do Clube Curitibano. Aliás, uma das minhas melhores partidas foi contra o Almo: outra vitória de virada, nos minutos finais, com dois golaços no ângulo! Três pontos que me ajudaram a ficar com o 2º lugar no grupo e pular para o 11º no geral. Na outra chave, Régis classificado e agora como 2º no geral, sendo ultrapassado pelo atleta Lian Carlos do Fluminense que terminou o primeiro dia de competição sem saber o que era derrota.
Foram 12 jogos, muito cansaço e a certeza da permanência do America na disputa pelo título brasileiro: os dois atletas que vieram para Curitiba estavam na Série Ouro. Os grupos definidos para o domingo tinham quatro jogadores lutando por duas vagas nas quartas de final. Minha chave era forte e a concentração tinha que ser mantida. Nada de noitada ou dormir tarde e sim passar a limpo os resultados, analisar os erros e focar no que deu certo no sábado. Depois de publicar um resumo do dia no Facebook do AFC era hora de sonhar com gols quicados e dadinhos amarelos estufando as redes.
O segundo dia de competição começou cedo, dessa vez o atraso foi aceitável, e com surpresas nada agradáveis: os grupos da 3ª Fase foram modificados, assim como a forma de disputa. Ao invés de quatro chaves com quatro jogadores cada, a organização decidiu implementar dois grupos de oito com quatro classificados em cada, ou seja, uma mudança repentina no que já estava pré-definido da noite anterior. O que era ruim ficou pior: Régis e Almo agora entravam no meu penoso caminho rumo ao mata-mata.
Como já era esperado, o equilíbrio dos jogadores fez com que as partidas crescessem em emoção e algumas discórdias começaram a surgir no ginásio, mas nada que a turma do ‘deixa-disso’ não conseguisse resolver. O nosso grupo só foi decidido na última rodada e para o meu azar o jogo capital seria justamente contra o amigo de clube Régis Martins. Chance? Nenhuma. Conheci a primeira goleada na competição e os 4 a 1 impostos ainda ficaram longe de mostrar a superioridade do adversário. Restou o quinto lugar no grupo, uma quase classificação e um honroso 10º lugar no meu primeiro Campeonato Brasileiro. Ah, Top 10 é para comemorar!
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Selo Comemorativo |
No entanto, enquanto alguns atletas eliminados já se preparavam para deixar o ginásio, era hora do Christian-jogador dar lugar ao Christian-treinador e assim trabalhar de todas as formas para ajudar o AFC a conquistar o título. A base de operações foi instalada próxima a bancada do Adriano Moutinho que servia como conselheiro e guarda-volumes. Conversas ao pé do ouvido, dicas, ‘sparring’ na hora do treino de chute, detalhes das mesas, dos adversários e a sempre recarga de Coca Zero.
Quem ficou para assistir à decisão foi recompensado com uma final histórica entre o então Campeão Brasileiro, Almo de Paula, e o atual Tricampeão Carioca, Régis Martins. Nervosismo, concentração, Fair Play e camaradagem foram ingredientes que se somaram a um show de técnica, precisão de chute e domínio do dado. O atleta da casa terminou a primeira etapa vencendo por 2 a 1 e poderia ter aumentado a vantagem na saída de bola, mas desperdiçou o chute. Régis soube suportar a pressão do jogo, empatar, virar num arremate sensacional e controlar o ritmo dos toques até o fim. O último ataque foi do Almo que pediu o “Prepara!” junto com o sinal. Torcida paralisada, respiração presa, goleiro arrumado e o famoso “Vai!”. O chute que explodiu no centro do goleiro consagrou Régis Martins como Campeão Brasileiro de 2012! É o America conquistando títulos importantes no Futebol de Mesa!
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Podium Brasileiro Individual FutMesa Dadinho 2012 |
O próximo campeonato está marcado para acontecer em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, na sede do Operário Futebol Clube. E os atletas do America estarão lá defendendo as cores do time que é Patrimônio do Rio. Até 2013!
Christian Jafas é jornalista, crítico de cinema, videomaker e jogador federado de Futebol de Mesa do AFC – tudo isso, muito mais e nem sempre nessa ordem.
Registro com Regis Martins: Campeão Brasileiro Individual Dadinho 2012. Resumo da jornada, balanço idas e vindas 2011, um pouco sobre sua história no Futmesa do America Football Club e alguns pensamentos sobre o esporte e suas perspectivas para o Futuro.